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Minhas histórias buscam reforçar a importância de sermos vistos e celebrados, dentro e fora dos livros.

ENTREVISTA: Dan Rodriguez para o JULHO NB

Nino Cavalcante, autor e jornalista, entrevista Dan Rodriguez para o Cadê LGBT.

No meio literário, antes de se tornarem escritores, algumas pessoas começam a carreira falando sobre os livros e, só depois disso, tomam o primeiro passo para se tornarem autories — seja por meio da publicação independente ou tradicional. Esse foi o caso da Dan Rodriguez (ela).


Dan é uma criadora de conteúdo literário que soma mais de 115 mil seguidores entre o TikTok e o Instagram. Ela é conhecida pelos livros Que a melhor mordida vença e Má Influência, duas histórias com protagonismo trans e não-branco.


Convidamos Dan para falar um pouco sobre suas experiências e perspectivas como autora não binária e você confere o resultado abaixo.


Nino Cavalcante: Para você, qual é a importância da presença de pessoas não binárias no mercado editorial?


Dan Rodriguez: Bom, para mim o mercado editorial ainda é um lugar muito dominado pela cisgeneridade e binaridade de gênero, pessoas não binárias escrevendo sobre suas vivências vão contra o status quo; expandem a visão de muitos leitores e acrescentam o mercado com histórias mais diversas.


NC: Você acha que, hoje, existe espaço para autores não binários no mercado editorial, em especial, nas editoras tradicionais?


DR: Embora seja difícil, acredito que sim. Não é como se fosse tudo flores, mas algumas portas já foram abertas. Ainda assim, é preciso batalhar muito por mais visibilidade.


NC: Como é a sua relação com o mercado se tratando da sua identidade? Você sente que há respeito do público e dos profissionais ao se comunicarem com você ou sobre você?


DR: Mesmo sendo assumida há anos, ainda enfrento diversas situações de desrespeito à minha identidade, mas não vejo como algo isolado do mercado literário, mas sim da sociedade em que vivemos (que busca a todo custo quer por pessoas não binárias em caixinhas de gênero).


NC: Qual é o tipo de representatividade não binária que você sente que precisamos?


DR: Precisamos de não bináries sendo pessoas comuns, amando, vivendo e se decepcionando (ou não), sem ter como único aspecto da sua personalidade e desenvolvimento a identidade de gênero.


NC: Além do gênero, outra pauta muito importante dos seus livros são as vivências de pessoas pretas. Para você, qual é a importância do protagonismo de pessoas pretas e trans dentro e fora das histórias?


DR: Pessoas pretas e trans foram as que tiveram na linha de frente em muitos momentos da luta da comunidade LGBTQIA+ como Marsha P Johnson. Temos força e coragem, é preciso disso para ser o que somos. Minhas histórias buscam reforçar a importância de sermos vistos e celebrados, dentro e fora dos livros


NC: Do que você mais sente orgulho enquanto uma pessoa não binária que escreve?


DR: Tenho muito orgulho de realmente conseguir alcançar outras pessoas trans/não binárias, sobretudo não brancas. Perceber que as histórias que escrevo realmente estão chegando em pessoas que se sentem representadas é a melhor parte do meu trabalho.

Giu Domingues

Mesmo sendo assumida há anos, ainda enfrento diversas situações de desrespeito à minha identidade, mas não vejo como algo isolado do mercado literário, mas sim da sociedade em que vivemos (que busca a todo custo quer por pessoas não binárias em caixinhas de gênero).

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