Entenda como a literatura lgbtqiap+ tem sido consumida no Brasil nos últimos anos.
Uma pesquisa feita por LÍVIA JÄGER para o CADÊ LGBT
Como parte de uma pesquisa maior e ainda em desenvolvimento sobre autores LGBTQIAP+ autopublicados na Amazon KDP, foi feita uma pesquisa comparativa com números de posts e falas sobre certos termos em um site que rastreia posts com os termos incluídos, o Buzzmonitor Trends <https://app.buzzmonitor.com.br/>, gerando um relatório de porcentagem de buzz — termo em inglês utilizado para se referir à quantidade de pessoas falando sobre certo assunto —, além de um demonstrativo de qual o percentual de posts em cada rede social — X (antigo Twitter), Facebook e Instagram — e um perfil demográfico básico com gênero escolhido nos perfis de usuários das pessoas que publicaram, além de um gráfico de sentimento geral sobre os termos nessas postagens.
A escolha de um site como este é proveniente do fato de que a utilização de um site que busque o número de postagens feitas com estes termos nas redes sociais mais utilizadas atualmente é mais confiável para o entendimento geral do público de usuários destas redes do que a utilização do Google Trends, por exemplo, que apenas mostra a quantidade de vezes que um termo em específico foi pesquisado na plataforma do Google. Embora isso também possa ser muito útil para entendermos o nível de busca e demanda sobre algum tipo de produto — seja cultural ou não, como é o caso a ser analisado —, ainda não nos dá uma visão geral sobre os sentimentos e as narrativas criadas a partir da utilização desses termos no uso corriqueiro da Internet e de seus espaços comunitários virtuais.
O objetivo principal desta análise é demonstrar, graficamente, o alcance destes termos nas redes sociais, visualizando as narrativas virtuais que são formadas em cima destes termos e demonstrando a discrepância da busca por livros LGBTQIAP+ em relação aos outros livros de conteúdo “geral”, visto que livros LGBTQIAP+ ainda são considerados como nichados e poucos vendáveis no mercado literário brasileiro.
Os objetivos específicos são: traçar um panorama geral sobre livros independentes e livros nacionais de acordo com a busca e os comentários feitos nas redes sociais mais utilizadas atualmente em um espaço de tempo determinado (dos dias 31 de maio de 2022 a 31 de maio de 2024, ou seja, um período de dois anos); possibilitar que esse panorama geral seja utilizado para maiores debates futuros sobre o desenvolvimento do que se fala sobre livros LGBTQIAP+ na Internet e nas redes sociais.
O primeiro comparativo traçado foi o do buzz total entre os termos “livros LGBT”, com o adicional de “Amazon”, para que sejam pesquisados apenas livros LGBTQIAP+ com relação à plataforma da Amazon — seja por meio da autopublicação, seja por meio da revenda de livros publicados por editoras tradicionais —, e “livros independentes”, que é o termo geral conhecido para livros autopublicados no mercado nacional, geralmente por alguma plataforma de autopublicação como a Amazon Kindle Direct Publishing (KDP).
FIGURA 01 — Buzz total comparativo entre “livros LGBT (Amazon)” e “livros independentes”
O primeiro gráfico mostra uma diferença extraordinária entre o buzz total do termo “livros independentes” (84,13%) e o termo “livros LGBT (Amazon)” (15,87%), demonstrando que embora muito se fale sobre livros independentes em geral, pouco se fala sobre os livros LGBTQIAP+ que estão disponíveis na plataforma da Amazon. Esta é uma informação que subjaz com o sentimento dos escritores LGBTQIAP+ de que seus livros são menos comentados do que os outros livros independentes, chegando apenas a uma porcentagem pequena do público geral.
Este segundo gráfico, teoricamente, mostraria todas as redes sociais e os posts feitos nelas com o termo “livros LGBT (Amazon)” inseridos nas legendas ou nas imagens. Apenas pela cor, podemos ver que o maior número de postagens com esses termos foi feita no X (antigo Twitter), tendo sido coletados apenas 619 posts em um período de exatamente dois anos. Isso demonstra que, embora tenha picos de falas sobre, como é demonstrado no dia 21/04/2023, quando o termo teve 223 posts no X, ainda é um assunto pouco comentado nas redes sociais, tendo uma concentração muito específica em apenas uma rede.
FIGURA 02 — Evolução do termo “livros LGBT (Amazon)” de 31/05/2022 a 31/05/2024
Este terceiro gráfico já demonstra que o termo “livros independentes” é utilizado em diferentes redes sociais, sendo comentado em muito maior quantidade. Foram coletados pelo site 3.282 posts com este termo, tendo um pico no dia 19/06/2023, também na rede social X. Essa diferença demonstra que, mesmo que haja procura e comentários sobre os livros independentes, os livros LGBTQIAP+ ainda ficam em segundo ou terceiro plano, gerando muitas vezes um sentimento de desimportância para escritores LGBTQIAP+.
FIGURA 03 — Evolução do termo “livros independentes” de 31/05/2022 a 31/05/2024
FIGURA 04 — Resultado da relação entre os termos “livros LGBT (amazon)” e “livros independentes”
Este quarto gráfico demonstra a concentração de posts sobre livros LGBTQIAP+ relacionados à plataforma da Amazon na rede social X, com 95,48% dos posts coletados sendo provenientes desta rede social. Assim, vemos que há um espaço específico nas redes sociais que aceita melhor falarem sobre esses assuntos, enquanto livros independentes têm o conteúdo mais concentrado no Instagram (46,25%), embora não seja com uma porcentagem tão alta, dividindo espaço com o Facebook (25,38%) e o X (28,37%) quase que em uma mesma proporção.
FIGURA 05 — Perfil de gênero e sentimentos correlacionando os termos “livros LGBT (Amazon)” e “livros independentes” de 31/05/2022 a 31/05/2024
Este quinto gráfico nos dá ainda mais dados comparativos relevantes, como o gênero escolhido pelos perfis de usuários que postaram sobre cada um dos assuntos e o sentimento geral da comunidade percebido pelos posts coletados pelo site do Buzzmonitor Trends. Podemos perceber, por exemplo, que o número de mulheres que consomem e comentam sobre livros LGBTQIAP+ relacionados à Amazon é maior do que o número de homens, enquanto os consumidores e comentadores de livros independentes em um geral está par a par, quase em igualdade, estando os homens um pouquinho acima da média.
Já o gráfico dos sentimentos demonstra que a recepção e percepção de livros LGBTQIAP+ relacionados à Amazon é mais negativa do que positiva, estando com mais de 50% da opinião como negativa, enquanto apenas 35,86% da percepção é positiva e 6,53% é neutra. Ao contrário disso, os livros independentes são bem percebidos e recebidos, tendo 71,02% dos posts um teor positivo, enquanto apenas 24,1% deles tem o teor negativo e 4,58% neutro, mesmo com uma quantidade de posts muito maior sobre o assunto.
Assim sendo, há uma discrepância perceptível na forma como os livros LGBTQIAP+ são tratados pelos públicos das redes sociais, tendo uma visão muito mais negativa do que positiva sobre eles, mesmo falando muito menos sobre este assunto em si.
A imagem abaixo é apenas um demonstrativo do que o site Buzzmonitor Trends pode fazer, além de mostrar dados úteis para avaliação das trends e comparações úteis para entendimento de como o mercado tem se desenhado nos últimos dois anos. Mariana Mortani, influenciadora digital com 16 mil seguidores no Instagram e 56,9 mil inscritos no seu canal no Youtube, aparece em primeiro lugar como pessoa mais influente nesse mercado de livros LGBTQIAP+ relacionados à Amazon, estando em segundo lugar a Idris Biblioteca, uma página de divulgação de livros no X com mais de 33 mil seguidores. Esta segunda página, diferente da primeira, não tem foco especial em livros LGBTQIAP+, falando mais sobre uma saga de livros estadounidense chamada As Crônicas dos Caçadores de Sombras, da autora Cassandra Clare, enquanto Mariana Mortani é conhecida por falar sobre livros lésbicos e sáficos — ou seja, livros LGBTQIAP+ voltados para o público feminino.
FIGURA 06 — Lista de maiores influenciadores digitais para o termo “livros LGBT (Amazon)”
Tendo curiosidade para saber se o resultado mudaria sem a condicionante, fiz uma pesquisa voltada apenas para livros LGBTQIAP+, sem o excludente da Amazon. O número de posts no mesmo período de tempo aumentou consideravelmente, passando de 691 para 1943 postagens, como é possível ver na imagem abaixo, mas o mesmo padrão de postagem exclusiva na rede social X continua. Nas outras redes sociais, utilizadas geralmente por gerações mais velhas do que as que acessam o X, quase não se toca no assunto. O maior pico de postagens sobre o assunto foi no dia 21/04/2023, quando tiveram 229 postagens no X e 4 no Facebook, não tendo nenhuma no Instagram, talvez a rede social mais utilizada pelo público geral na atualidade.
FIGURA 07 — Evolução do termo “livros lgbt” de 31/05/2022 a 31/05/2024
Fazendo o comparativo do termo “livros LGBT” sem o excludente com o termo “livros independentes”, a procura por livros LGBTQIAP+ cresce um pouco, embora ainda permaneça em desvantagem numérica, com apenas 37,19% dos comentários, enquanto os livros independentes estão com 62,81% das postagens feitas nas redes sociais, comprovando que os livros independentes para público geral são mais falados do que os livros LGBTQIAP+ mesmo quando não há limitante algum para a pesquisa.
FIGURA 08 — Buzz total comparativo entre “livros LGBT” e “livros independentes”
O fato de eu ter iniciado minha busca com livros LGBTQIAP+ relacionados à Amazon foi pela questão da minha pesquisa maior, cuja finalidade é uma dissertação de mestrado, ter a ver com a autopublicação de livros LGBTQIAP+ na Amazon KDP. Assim sendo, é importante ter um contexto mais limitado para entendermos depois o contexto geral. Mesmo com o contexto geral, sem limitantes, os livros LGBTQIAP+ ainda estão em segundo plano diante do contexto da autopublicação e dos livros independentes no mercado nacional brasileiro — o que é possível de se inferir já que a pesquisa foi feita em português e com postagens coletadas por usuários da rede brasileira.
Abaixo temos uma relação entre os termos de livros LGBTQIAP+ e livros independentes. A relação dos livros independentes é a mesma das imagens acima, mas o que podemos ver é que os livros LGBTQIAP+ estão novamente sendo mais comentados na rede social X, com uma porcentagem bem maior do que nas outras redes sociais. Embora agora, sem a excludente do termo “Amazon”, a porcentagem tenha diminuído, ainda é um padrão recorrente, de termos mais pessoas no X falando sobre o assunto.
FIGURA 09 — Resultado da relação entre os termos “livros LGBT” e “livros independentes”
Na imagem abaixo podemos ver de novo a prevalência de pessoas do sexo feminino no conteúdo de livros LGBTQIAP+ enquanto os livros independentes continuam sendo consumidos, quase igualmente, pelos dois gêneros binários — homem e mulher. Diferente dos livros LGBTQIAP+ atrelados à Amazon, a percepção que se tem dos livros LGBTQIAP+ em um geral já é mais positiva, chegando a 50,75% dos comentários de forma positiva, com uma porcentagem maior de neutros e menor número de negativos. Mesmo assim, a percepção sobre livros LGBTQIAP+ ainda continua consideravelmente menos positiva do que a percepção por livros independentes em geral. Minha hipótese sobre essa disparidade gira em torno da concepção de que a literatura LGBTQIAP+ é vista como uma literatura identitária e, por isso, nichada a um certo número de pessoas que compõem o público geral, mas não são o maior número deste. Isso faz com que apenas pessoas da comunidade ou que queiram aprender mais sobre a comunidade consumam esses livros.
FIGURA 10 — Perfil de gênero e sentimentos correlacionando os termos “livros LGBT” e “livros independentes” de 31/05/2022 a 31/05/2024
Com interesse em saber não apenas a correlação dos livros LGBTQIAP+, ligados à Amazon ou não, com os livros independentes, também pesquisei a comparação entre os termos “livros LGBT” (sem excludentes) e “livros nacionais”.
FIGURA 11 — Buzz total comparativo entre “livros LGBT” e “livros nacionais”
A imagem acima mostra que livros nacionais são muito comentados nas redes sociais, tomando 89,2% dos assuntos das postagens coletadas, enquanto livros LGBTQIAP+ ficaram com apenas 10,8%. Isso demonstra que há sim comentários feitos sobre livros nacionais no nosso mercado, embora ainda seja um tópico sensível diante dos autores brasileiros a forma como os leitores parecem preferir os livros internacionais traduzidos para o nosso ambiente do que a arte produzida localmente.
De qualquer forma, se formos olhar a evolução do termo “livros nacionais” durante esses dois anos que se passaram, na imagem abaixo poderemos ver que o número de postagens sobre o assunto vem crescendo e tomou um picos importantes no início do ano de 2023 e lá por outubro de 2022, só tendo picos maiores — mesmo que bem menores em comparação — em abril de 2024. Foram coletados 16.043 postagens dispersas em todas as redes sociais, o que mostra que é um assunto relevante a diferentes tipos de público, visto que diferentes pessoas usam cada uma das redes sociais — talvez tenha até mesmo um fator geracional envolvido, visto que, no senso comum, pessoas mais velhas usam mais o Facebook, jovens adultos usam mais o Instagram e pessoas mais jovens usam mais o X.
FIGURA 12 — Evolução do termo “livros nacionais” de 31/05/2022 a 31/05/2024
Já nesta próxima imagem temos a relação gráfica das postagens com ambos os termos comparados. Os livros LGBTQIAP+, como já mostrado em outras comparações, continuam sendo comentados em sua maioria no X, enquanto os livros nacionais, de forma surpreendente, também têm a maioria (54,31%) de seus comentários feitos na mesma rede social. Minha hipótese sobre o motivo de isso acontecer é porque no X temos páginas grandes de divulgações de livros nacionais, como o Divulga Nacional, que tem 91,5 mil seguidores, sendo a maior página de divulgação da literatura nacional nas redes sociais. Esta página também está nas outras redes, é claro, mas não tem o mesmo alcance que tem em seu perfil do Twitter, embora tenha mais de 140 mil seguidores espalhados entre X, Instagram e TikTok.
Outra colocação evidente é que os livros nacionais também são comentados em um bom número no Instagram, com mais de 6 mil dos 16 mil posts coletados. Para isso, imagino que seja porque o Instagram é utilizado por escritores nacionais como uma ferramenta de venda e promoção dos seus livros, visto que possibilita ter uma experiência mais profissional e imersiva a partir da utilização de fotos e vídeos curtos, enquanto a estrutura e a dinâmica do X é mais voltada para textos curtos ou fios de vários textos curtos, o que não permite tão bem a imersão visual do leitor-comprador.
FIGURA 13 — Resultado da relação entre os termos “livros LGBT” e “livros nacionais”
Abaixo vemos a relação dos gêneros dos comentadores, mostrando que livros LGBTQIAP+ são mais comentados por mulheres, mas, em comparação, os livros nacionais são muito mais falados por elas do que os livros LGBTQIAP+. Talvez isso seja porque a literatura erótica voltada para mulheres é um dos principais nichos de mercado da literatura nacional independente atualmente, enquanto livros LGBTQIAP+ compõem outro nicho totalmente diferente. Vendo o gráfico do termo “livros independentes”, houve surpresa quando da constatação de que livros nacionais são mais consumidos e comentados por mulheres, porque os livros independentes não pareciam ter tanta distinção de gênero na hora de comentar e consumir.
Em relação aos sentimentos, é possível perceber que a percepção sobre livros nacionais é muito mais positiva do que sobre livros LGBTQIAP+, sendo 84,82% positivo para livros nacionais e apenas 50,75% para livros LGBTIAP+. Até mesmo as opiniões neutras sobre a literatura nacional são menores que as para livros LGBTQIAP+, que continuam sendo muito negativas em comparação. Isso demonstra que, mesmo diante de uma parte literária que é muito desvalorizada pelos leitores brasileiros, os livros LGBTQIAP+ são menos valorizados ainda, sempre em planos inferiores.
FIGURA 14 — Perfil de gênero e sentimentos correlacionando os termos “livros LGBT” e “livros nacionais” de 31/05/2022 a 31/05/2024
Para ajudar no panorama maior, também utilizei da comparação entre os termos “livros independentes” e “livros nacionais”, já que a minha pesquisa maior foca em livros brasileiros autopublicados com temáticas LGBTQIAP+. Já percebendo que os livros LGBTQIAP+ têm opiniões muito menos difundidas e muito mais negativas, a importância de um comparativo como esse é apenas para entendermos em que posição estão os livros autopublicados diante do mercado nacional da literatura.
FIGURA 15 — Buzz total comparativo entre “livros independentes” e “livros nacionais”
A imagem acima comprova que os livros nacionais são mais comentados do que os livros independentes, mesmo que existam livros nacionais independentes. Os livros nacionais são 83,02% das postagens coletadas para esta comparação, enquanto os livros independentes são apenas 16,98% destas postagens.
A imagem abaixo demonstra em quantidade as relações entre eles, demonstrando que os livros independentes são mais comentados no Instagram e os livros nacionais são mais comentados no X, embora seja muito próximo com o Instagram também. Isso pode acontecer porque os livros independentes têm muita divulgação no Instagram, já que os escritores autopublicados utilizam de sua plataforma para poder vender e recomendar suas histórias com postagens mais visuais e chamativas, que adquirem a identidade visual específica de cada livro — ou “era”, como é chamado popularmente pelos autores —, embora a quantidade de posts seja consideravelmente menor em todas as redes.
FIGURA 16 — Resultado da relação entre os termos “livros independentes” e “livros nacionais”
A próxima imagem mostra o perfil de gênero e sentimentos relacionados aos termos “livros independentes” e “livros nacionais”. Aqui podemos ver que, embora os livros independentes estejam bem divididos entre homens e mulheres, os livros nacionais são mais consumidos por mulheres — pelos motivos possíveis já citados acima — e a opinião sobre os livros nacionais é mais positiva do que para os livros independentes, embora a maioria dos dois tenha recebido comentários positivos. Livros nacionais são mais bem recebidos em quase 13%, visto que os livros independentes têm 71,02% dos comentários positivos e os livros nacionais têm 84,42%.
FIGURA 17 — Perfil de gênero e sentimentos correlacionando os termos “livros independentes” e “livros nacionais” de 31/05/2022 a 31/05/2024
Visto que os livros nacionais têm uma percepção muito positiva, o próximo passo foi adicionar um excludente a eles para podermos visualizar a relação entre livros independentes e livros nacionais relacionados à Amazon — revendidos ou autopublicados na plataforma KDP. A imagem abaixo mostra o comparativo entre eles, mostrando uma diferença um tanto menor entre os dois em relação aos demais comparativos feitos até então. Os termos utilizados para este comparativo foram “livros independentes” e “livros nacionais (Amazon)”, em que o primeiro ficou com buzz total de 38,74% e o o segundo ficou com 62,26%, mais da metade. Isso demonstra que livros nacionais relacionados à Amazon têm mais comentários do que os livros independentes em geral.
FIGURA 18 — Buzz total comparativo entre “livros independentes” e “livros nacionais (Amazon)”
A próxima imagem demonstra a evolução do termo “livros nacionais” com o excludente da Amazon nos últimos dois anos. Aqui demonstra-se que os livros nacionais relacionados à Amazon foram comentados 5.190 vezes nestes dois anos, sua maioria sendo no X, tendo um pico muito grande de postagens no fim do ano de 2022 ou começo do ano de 2023. Outro pico, muito menor, aconteceu nos últimos dias, no mês de maio de 2024.
FIGURA 19 — Evolução do termo “livros nacionais (Amazon)” de 31/05/2022 a 31/05/2024
FIGURA 20 — Resultado da relação entre os termos “livros independentes” e “livros nacionais (Amazon)”
Como nos outros comparativos relacionados a comentários com a Amazon, na imagem acima, vemos também a predominância dos comentários sobre o tema na rede social X, tendo sido coletados, dos mais de 5 mil posts, 4900 postagens no X para o termo “livros nacionais (Amazon)”. Já as postagens de livros independentes continuam espalhadas em todas as redes sociais coletadas, demonstrando maior alcance do tema que os livros nacionais, mesmo que o primeiro termo tenha um número muito maior de postagens totais.
Na imagem abaixo, temos o comparativo do gênero e dos sentimentos gerais sobre as postagens. Embora livros independentes permaneçam quase igualitários no perfil demográfico de gênero, os livros nacionais, mesmo com o excludente da Amazon, continuam com predominância forte feminina. Os sentimentos, ao contrário dos livros LGBTQIAP+, crescem para os livros nacionais relacionados à Amazon em comparação com os livros independentes, embora muitos dos livros nacionais na Amazon sejam produtos de autopublicação. Temos aqui, para o termo “livros nacionais (Amazon)” 88,59% de aprovação, enquanto os livros independentes têm apenas 71,02%. Até mesmo as opiniões neutras sobre o primeiro termo citado são menos comuns do que as opiniões neutras sobre livros independentes.
FIGURA 21 — Perfil de gênero e sentimentos correlacionando os termos “livros independentes” e “livros nacionais (Amazon)” de 31/05/2022 a 31/05/2024
Algumas conclusões gerais que podemos traçar observando esses dados é que existe uma predominância dos livros nacionais no mercado, estando eles relacionados à Amazon ou não, em relação aos livros independentes. Quando falamos de livros LGBTQIAP+, no entanto, qualquer um deles prevalece ao nicho, parecendo que os livros só não são consumidos pelo público geral porque são livros de teor “identitário”, mesmo que a temática da história não seja LGBTQIAP+ e apenas os personagens estejam vivenciando suas vidas enquanto pessoas dissidentes de gênero e orientação sexual.
Uma forma de melhorar essa diferenciação é divulgar livros com personagens LGBTQIAP+ para o público geral, mas ainda não temos como compreender como chegar às pessoas que não são da comunidade com estas histórias, visto que os principais meios de comunicação de venda dessas histórias têm girado em torno de identificação com os personagens e representatividade — um conceito difícil e difuso, que pode dizer muitas coisas hoje em dia, mas pouco diz cientificamente e na prática.
JÄGER, L. Livros LGBTQIAP+ nacionais autopublicados: uma narrativa virtual. Como a literatura lgbtqiap+ tem sido consumida no Brasil nos últimos anos, 6 jun. 2024.
Comments